Segundo os gramáticos, é possível fazer a concordância não com a palavra em si, mas com a ideia que ela encerra, apesar de isso não ser o ideal. Não se deve, portanto, empregar esse tipo de construção em textos que exigem linguagem formal.
Essa construção é admissível quando há distanciamento entre o verbo e a palavra que indica a significação do sujeito. Num período com duas orações, em que, por exemplo, a palavra gente funcione como sujeito dos dois verbos, o primeiro segue a concordância gramatical, ficando no singular, e o segundo pode seguir essa mesma concordância ou a ideia de pluralidade contida na palavra gente.
A gente vive numa ilha, por isso tem espaço limitado para construção.
ou
A gente vive numa ilha, por isso temos espaço limitado para
construção.
A esse tipo de concordância irregular ou figurada, que se faz com a ideia subentendida, dá-se o nome de silepse, que pode ser de gênero, de número ou de pessoa.
Silepse de gênero
A gente ficou sentado um tempão.
Gente é palavra feminina, portanto o correto seria sentada.
Silepse de número
O brasileiro fez dívidas para comprar geladeira, fogão e carro
zero, mas também contraíram empréstimos para pagar estudo
de graduação e de pós-graduação.
Silepse de pessoa
O brasileiro, principalmente os paulistas, somos um dos campeões
entre os usuários que passam mais tempo utilizando o aspirador de pó.
Brasileiro está no singular, porém nota-se a inclusão da pessoa que escreveu o período, colocando-se também no processo verbal, por isso o emprego do verbo ser no plural.
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