terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A gente vamos?

Segundo os gramáticos, é possível fazer a concordância não com a palavra em si, mas com a ideia que ela encerra, apesar de isso não ser o ideal. Não se deve, portanto, empregar esse tipo de construção em textos que exigem linguagem formal.

Essa construção é admissível quando há distanciamento entre o verbo e a palavra que indica a significação do sujeito. Num período com duas orações, em que, por exemplo, a palavra gente funcione como sujeito dos dois verbos, o primeiro segue a concordância gramatical, ficando no singular, e o segundo pode seguir essa mesma concordância ou a ideia de pluralidade contida na palavra gente.

     A gente vive numa ilha, por isso tem espaço limitado para construção. 

     ou

     A gente vive numa ilha, por isso temos espaço limitado para 
     construção. 

A esse tipo de concordância irregular ou figurada, que se faz com a ideia subentendida, dá-se o nome de silepse, que pode ser de gênero, de número ou de pessoa.

Silepse de gênero

     A gente ficou sentado um tempão.

Gente é palavra feminina, portanto o correto seria sentada.

Silepse de número

     O brasileiro fez dívidas para comprar geladeira, fogão e carro 
     zero, mas também contraíram empréstimos para pagar estudo 
     de graduação e de pós-graduação.

Silepse de pessoa

     O brasileiro, principalmente os paulistas, somos um dos campeões 
     entre os usuários que passam mais tempo utilizando o aspirador de pó.

Brasileiro está no singular, porém nota-se a inclusão da pessoa que escreveu o período, colocando-se também no processo verbal, por isso o emprego do verbo ser no plural.

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